Parto das Palavras

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blog estou na noia

Incessantemente, deposito da fé de que as palavras são as maiores armadilhas do mundo. E os escritores... Ah! Os escritores sabem, e sempre souberam da coisa. Há lucidez de que o uso de cada palavra, vírgula e entonação podem conquistar o mundo; dão esperança, matam, morrem, iludem. Eu, como aspirante da sua melodia, tenho o devido conhecimento, respeito e prudência. Um tipo de zelo é preciso em algo que transmite tanta emoção, onde somos mais humanos.

Mesmo com tanta precaução, elas hipnotizavam-me; levavam-me para longe, para onde pudesse dançar o ritmo delas. A brisa de uma dança leve, como se o vento conduzisse. Feliz de quem ousar sentir tal viagem. 

Ora minha felicidade era debruçada no papel, acariciada por meus dedos, pintada com meu sangue, minha tinta. Ora minha raiva, meu ódio, meu repudio era agressivamente agredido, amassado, rasgado. Emoções humanas. E palavras. Sempre as palavras.

Infelizmente - até felizmente em alguns casos - algumas são encaixadas de tal forma em nós que nos prende imensamente. Aquela frase dita, escrita, que nos arrebata por dentro por tempo indeterminado. Que nos traz traumas, rancores, sentimentos de vingança... Mas, assim como enfraquece, nos ergue, como quando temos aquela carta de amor, de compaixão, de saudade. Do coração falando. Que os dias podem passar, e serão lembradas com um sorriso. Essas são as palavras mais difíceis de encontrar: as sinceras, as vivas! Mas acredito que todos nós merecemos um dia encontrá-las.

Assim como uma alma que escreve, sou humano. E muitas dessas palavras me embalam de vários modos. Mesmo lidando freqüentemente com palavras, histórias e ficções, caio na armadilha chamada poesia. Perco-me na sua sedução. E gosto de me perder, mas na perdição sincera, não barata. Da sedução de penetrar à alma. Essa é a mais difícil. O carnal é fraco e efêmero.

E nós, escritores, sabemos disso e tiramos proveito. Escritor tem algo de sensual, exala esse sabor. É um conquistador nato, com um charme misterioso e díspar. Joga a carta e tem cartas para jogar. Só preciso de uma palavra em sussurro e já era. Eu te ganho. Inteiro.


* Texto feito exclusivamente para Revista Mina

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